Estudo revela importância da gestão do solo para segurança hídrica
Um estudo realizado pelo consórcio Cerrado das Águas em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia avaliou a qualidade do solo em propriedades dos municípios de Patrocínio, Serra do Salitre e Coromandel, em Minas Gerais. Segundo a secretária executiva do consórcio, Fabiane Sebaio, os resultados do estudo podem impulsionar uma agricultura inteligente, com um caminho inovador para estimar o carbono no solo de maneira indireta e eficiente.
CCA reportagem Agro Mais Band, Dezembro 2024
Filipy Barcelos - AgroMais Band Pessoal, um estudo realizado pelo Consórcio Cerrado das Águas em parceria com a Universidade Federal de Uberlândia avaliou a saúde do solo e relacionou os resultados com a atividade agropecuária sustentável. Vamos saber mais detalhes desse estudo na minha conversa de agora ao vivo com a secretária executiva do Consórcio Cerrado das Águas, a Fabiane Sebaio. Ela está conectada já comigo aqui, Fabiane? Primeiramente, seja muito bem-vinda, um bom dia para você, tudo bem?
Fabiane Sebaio – Secretária Executiva CCA Bom dia, tudo bem?
Filipy Barcelos - AgroMais Band Fabiane, eu queria que você comentasse com a gente um pouquinho sobre os objetivos do estudo, só para quem está em casa entender exatamente aí o que se pretendia com ele. É um estudo que, como eu disse, foi conduzido pelo consórcio em parceria também com a UFU?
Fabiane Sebaio – Secretária Executiva CCA Sim, foi isso mesmo, foi um estudo para a gente... O objetivo era avaliar esses atributos, de indicação de qualidade do solo e esse trabalho foi feito em parceria com a UFU, com a Universidade Federal de Uberlândia, do Campos de Monte Carmelo. E nós buscamos, através desse estudo, desenvolver uma forma de olhar para essa qualidade do solo. Porque o consórcio trabalha com estratégias para agricultura, implementação de estratégias que melhorem a qualidade do solo? Então, a gente precisava entender o quanto esse solo estava melhorando e esse estudo foi exatamente para ter esse olhar sobre a qualidade do solo.
Filipy Barcelos - AgroMais Band Bom, e eu imagino que a universidade tenha entrado mais com a parte técnica do estudo, mas sem entrar nessas questões técnicas, só para a gente entender como ele foi realizado, ele foi realizado em qual estado aqui do país, em qual região, se foi em Minas Gerais mesmo, em mais de uma propriedade rural, como que aconteceu mais ou menos esse estudo?
Fabiane Sebaio – Secretária Executiva CCA Então, o Consórcio Serrado das Águas, ele tem um programa, que se chama Programa de Investimento no Produtor Consciente e a nossa sede fica em Patrocínio, em Minas Gerais. E esse programa, ele trabalha com os produtores, a gente busca a adesão dos produtores a esse programa e desenvolvemos, junto com os produtores, uma análise da paisagem de bacias hidrográficas. Então, hoje o Consórcio tem uma paisagem em Patrocínio, Serra do Salitre e Coromandel, que são três municípios adjacentes, já indo por um processo de expansão para Araguari. E esse trabalho, ele aconteceu junto com os produtores que aderem ao nosso programa. Então, mais de 400 amostras, de solo foram realizadas, foram feitas e analisadas pelo laboratório do Saúco, do Departamento do Renagre, que é um laboratório que analisa recursos naturais e agrícolas e eles focaram exatamente nessas amostras de solo.
Filipy Barcelos - AgroMais Band E é importante, essa diversidade aí de amostras, amostras que foram retiradas de diversas propriedades, com diferentes sistemas de cultivo, sistemas de produção. Então, de fato, é importante, para o resultado. E por falar em resultado, queria saber o que você pode destacar para a gente em relação aos resultados obtidos aí mais relevantes e que foram apresentados pelo estudo em relação a essa questão da qualidade do solo.
Fabiane Sebaio – Secretária Executiva CCA Sim, então, nós tivemos excelentes resultados, o principal deles é a gente ter uma base de indicador. Então, hoje, essas propriedades que foram avaliadas foram 20 propriedades, que elas foram avaliadas em relação à qualidade do solo a partir do momento que elas implementaram uma ou mais estratégias benéficas ao solo. Essas propriedades, elas, a partir desse momento, então, a gente começa a criar uma base de análise e consegue verificar a evolução dos produtores. O estudo, ele foi composto por uma série de análises que não são comuns nas avaliações agrícolas, mas nós avaliamos o carbono lábio, o carbono total, o pH do solo, atividade microbiana, enfim, foram vários fatores que foram analisados. Mas o pouco essencial, o resultado fundamental desse estudo foi o índice de manejo de carbono, aonde foi feita uma análise para verificar qual era o índice de carbono da vegetação nativa, que a gente considerou, a gente não, os pesquisadores consideraram esse índice como 6, e ele foi a base de comparação. Então, a gente foi entender, a lavoura dos produtores, ela está, em termos de incorporação de carbono, acima ou abaixo da vegetação nativa? Vale a pena ter essa vegetação, vale a pena ter essa lavoura aqui em relação à vegetação nativa, quando a gente olha só para carbono, está compensando? E nós verificamos o índice de manejo de carbono da ordem de 125%. Isso nos mostra que as propriedades que estão aplicando essas estratégias, que iniciaram esse processo, elas estão incorporando mais carbono do que a própria vegetação nativa. E isso nos traz uma reflexão e um ponto de consideração muito importante, porque essas lavouras estão desenvolvendo um serviço ecossistêmico muito importante quando a gente olha para a questão do carbono.
Filipy Barcelos - AgroMais Band E num efeito prático, a partir desses indicadores, dessa base, num efeito prático, isso pode auxiliar aí os produtores, por exemplo, no manejo agrícola e na adoção de práticas mais sustentáveis aí na atividade?
Fabiane Sebaio – Secretária Executiva CCA Sim, nós temos dentro dos critérios avaliados, avaliação de um fungo micorriente, que ele é benéfico, e ele faz um sistema de simbiose com café e proporciona diversos serviços ecossistêmicos, maior tolerância à seca, melhor atividade microbiana do solo, então a troca de nutrientes, ela melhora, e isso foi medido e ajuda e orienta os produtores na tomada de decisão. E apesar desse estudo poder se desmembrar em vários outros benefícios, como, por exemplo, melhorar as tecnologias agrícolas, fornecer apoio a estudantes de agronomia para bolsa, enfim, são vários benefícios, mas esse era o nosso principal foco, trazer uma ferramenta para que os produtores pudessem avaliar a qualidade da sua produção em termos de solo, e atingir lá no final o nosso foco, que é a melhoria da quantidade e qualidade da água, porque se a gente tem lavouras com solo de boa qualidade, esse solo, com certeza, ele vai ter maior capacidade de infiltração e retenção de água, ele vai ajudar as lavouras a enfrentarem os períodos de seca com maior qualidade, e vai também proporcionar o abastecimento das vazias hidrográficas, ou seja, ali no solo, é uma fonte de soluções para esses problemas que a gente tem tido. E principalmente para o produtor, que aí ele vai ter o direcionamento, ele vai poder tomar a decisão se implementa ou não determinada estratégia em sua lavoura.
Filipy Barcelos - AgroMais Band Muito bem, Fabiane, trabalhos científicos, trabalhos acadêmicos, trabalhos de pesquisa nunca tem um ponto final, sempre uma vírgula, sempre tem uma atualização, mas pensando nesse trabalho que foi realizado agora, em que pé ele está? O que vocês pretendem a partir de agora? Os resultados vocês pretendem, de repente, publicar, já está publicado? Você acredita que o resultado pode influenciar, de repente, políticas públicas, estratégias agrícolas voltadas para a sustentabilidade? O que se pretende com esse resultado agora?
Fabiane Sebaio – Secretária Executiva CCA Então, nós já tivemos um resultado disso, que foi uma publicação do professor Edmar com os seus alunos, e nessa publicação eles trabalharam exatamente com essas análises, com essas amostras, mas eles tentaram, a partir disso, olhar para um algoritmo, para dois algoritmos na realidade e ver qual tinha maior capacidade de leitura em relação a essas amostras, para ver qual estava mais próximo da realidade. Então, eles identificaram um algoritmo, que eu não vou saber te dizer o nome, porque é uma parte muito técnica, mas eles identificaram que um algoritmo conseguiu fazer a leitura do solo com uma proximidade muito grande das amalhas, e isso abre muitos caminhos, e isso abre muitas possibilidades de trazer mais tecnologias que possam auxiliar de uma forma mais ágil esses produtores, que possam trazer mais assertividade nessas análises para esses produtores. Então, a nossa parceria com o professor Edmar, com a UFU, ela já foi renovada, a gente já sinalizou positivo, então as análises continuarão no próximo ano, e nós pretendemos colocar nesse hall de análises mais amostras, porque quanto mais amostras, quanto mais diversidade no processo de amostra a gente tiver, mais esse algoritmo se torna capaz de fazer leituras próximas dessa realidade, e isso depois pode ser incorporado, análises de satélite, a tecnologias por aplicativo, enfim, há diversos tipos de plataformas que vão auxiliar os produtores nessa leitura e nesse processo de entender mesmo, como a sua lavoura está respondendo ao trato cultural, às estratégias.
Filipy Barcelos - AgroMais Band Muito bem, Fabiane, eu quero parabenizá-la, parabenizar aí ao pessoal, em relação ao pessoal do consórcio, no caso, a essa iniciativa, também parabenizar o professor Edmar, pelo trabalho realizado aí. É sempre muito importante a gente trazer para a nossa audiência os resultados desses estudos, da ciência aplicada na lavoura, na rotina do produtor rural, para que haja essa associação, de fato, em relação à importância da ciência no cotidiano do agricultor e no que está por vir, a gente está sempre tentando trilhar aí no caminho da agricultura sustentável, então é importante a gente trazer, de fato, esses fatores aqui, essas novidades, esses estudos. Mais uma vez, muito obrigado, um ótimo restinho de semana, o canal está sempre aberto, quando tiver aí um avanço em relação a esse estudo, ou então novos estudos, novos assuntos, avisa para a gente que o canal está sempre aberto para o diálogo, viu? Mais uma vez, obrigado e um ótimo restinho de semana.
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