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Rentabilidade dos Sistemas Agroflorestais na Produção de Café

Foto do escritor: Consorcio Cerrado das ÁguasConsorcio Cerrado das Águas

Atualizado: 25 de fev.

Sistemas Agroflorestais e o Impacto Econômico na Cafeicultura


A sustentabilidade na cafeicultura tem sido um tema amplamente debatido nos últimos anos, e o modelo de sistemas agroflorestais surge como uma solução viável para equilibrar produtividade e preservação ambiental. Para aprofundar essa discussão, o Ph.D. Elias de Melo Virginio Filho, especialista do CATIE (Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino), apresentou uma palestra sobre a rentabilidade econômica de sistemas agroflorestais com café, baseada em um estudo de longo prazo conduzido em Turrialba, Costa Rica.

Palestrante Ph.D. Ph.D. Elias de Melo Virginio Filho sobre a rentabilidade dos sistemas agloforestais na produçao de café
Palestrante: Ph.D. Elias Melo Virgínio Filho

Nesta palestra, Elias compartilha dados científicos e conclusões baseadas em 24 anos de pesquisa, demonstrando como os sistemas agroflorestais oferecem uma alternativa economicamente viável e ambientalmente sustentável para a produção de café. Alguns dos pontos abordados incluem:


  • Comparação entre sistemas a pleno sol e sistemas agroflorestais

  • Impactos da agricultura regenerativa na rentabilidade dos produtores

  • Benefícios ambientais, como redução da acidez do solo e aumento da biodiversidade

  • Estratégias para combinar produtividade e sustentabilidade na cafeicultura


Acompanhe a transcrição completa da palestra e acesse o material de apoio para entender melhor os desafios e soluções apresentadas. Você também pode escutar no Spotify ou consultar o PPT da apresentação para uma experiência mais completa.


Agora, confira todos os insights compartilhados por Elias de Melo Virginio Filho e descubra como os sistemas agroflorestais podem transformar a produção de café de forma sustentável e economicamente rentável.




Transcrição


Rentabilidade económica de sistemas agroforestales com café: estúdio de largo plazo en Turrialba, Costa Rica - Elias de Melo Virginio Filho, Ph.D. - CATIE



Polliana Dias | Cerimonialista


Vocês não queriam nem voltar, né? Então, e agora vocês vão ter mais conteúdo para fomentar mais discussões depois. Nós teremos agora a palestra custo, melhoria da produtividade e retornos econômicos na Costa Rica, com Elias de Melo Virgílio filho do Catiê, enquanto ele já está aqui posicionado e eu vou falar aqui para vocês o vasto currículo dele, para vocês verem a presença de peso que nós temos aqui hoje, então.


Ele é especialista em agroflorestas tropicais, coordenador do mestrado em cafeicultura sustentável e regenerativa, é doutor em educação pelo programa Latino americano de doutorado em educação da UNED Costa Rica. Mestre em ciências Agrárias e de recursos naturais com especialidade em silvicultura pela Catie Costa Rica e engenheiro Florestal pela UFPB Brasil. Possui 34 anos de coordenação e execução de projetos para fortalecer as capacidades dos atores locais para gestão sustentável dos recursos naturais na América Latina e 24 anos de experiência na coordenação e execução de projetos internacionais de manejo integrado da cafeicultura, e de pragas e doenças, além de vasto conhecimento da qualidade total e boas práticas agroecológicas no manejo convencional e orgânico em sistemas Agroflorestais. É também coordenador de experimento pioneiro no mundo de estudos de longo prazo sobre interações agroecológicas em sistemas de produção de café cultivado à sombra a pleno sol contrastando com o manejo convencional, agro químico e orgânico, possui 24 anos de experiência no desenvolvimento e implementação de políticas Agroflorestais e no desenvolvimento de metodologias para avaliação de vulnerabilidade e capacidade adaptativa mitigação de setores agrícolas na América Latina frente às mudanças climáticas. Então, com vocês o professor Elias. 




Muito obrigado. 


Desci do avião nessa madrugada e o português ainda está dando volta na minha cabeça. Tenho 30 anos de estar na América Central, na Costa Rica, e sempre é um prazer voltar para poder compartilhar o trabalho que a gente está desenvolvendo já há bastante tempo. Evidentemente, eu faço parte de uma universidade que trabalha com várias instituições a nível Internacional. É uma universidade particular, porque o conselho superior está integrado pelos ministros de agricultura e meio ambiente da América central, então, somos uma universidade que permanentemente tem que estar vinculado com a agenda das instituições, das empresas, das cooperativas, frente ao desenvolvimento sustentável, e vou apresentar para vocês parte do trabalho que a gente vem desenvolvendo, queue faz uma ponte entre a pesquisa e a política pública, não é? A Costa Rica pode avançar muito nos últimos anos e tomou a decisão dos anos 80 para cá, que a gente está discutindo em muitos países, não é? O destino da Costa Rica era desmatamento total. Então nos anos, nos anos 30, anos 40, a cobertura Florestal da Costa Rica era superior a 70% e nos anos 80 chegou a 21%. Então reduziu drasticamente a cobertura florestal. Nos anos 80, a população teve uma discussão muito forte, porque os movimentos nacionais começaram a perguntar aonde o país ia com essa política de desmatamento desenfreado, e isso gerou uma discussão muito forte no país e se converteu em um pacto nacional para reverter o desmatamento descontrolado. Então se estabeleceu uma das políticas florestais mais inovadoras a nível mundial e em sínteses saiu de 21% para 60% de cobertura. Então, se tem um país que conseguiu frear e restaurar a paisagem. Esse país na América se chama Costa Rica, que hoje é referência mundial, está entre os muito poucos países do mundo que conseguiu restauração de paisagem, e dentro deste contexto é que a minha instituição tem colaborado com o estabelecimento de políticas públicas para avançar na sustentabilidade e na restauração. 


No caso do café, não foi diferente. Nós fazemos parte do grupo de trabalho que conseguiu desenvolver, o mecanismo chamado namacafé, que são normas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas. Esse é um pacto que o país tem que fazer de maneira voluntária, envolvendo Ministério da agricultura, Ministério do ambiente e os setores produtivos. Então, o diálogo na Costa Rica permitiu que todo o setor produtor de café assinara o pacto da transformação da produção do café no país, sendo o primeiro país do mundo aonde o setor se matricula com transformar a produção convencional, numa produção sustentável e regenerativa.


Então é, vocês estão construindo hoje com as perguntas é, o que a gente sonharia pudesse ser no futuro, o país reconhecendo que não existe outro caminho, não é? E isso aconteceu na Costa Rica. Então hoje o café regenerativo na Costa Rica é muito mais claro do que em outros países, porque o país já tem uma trajetória nesse sentido. Então a Namacafé transformou a Cafeicultura da Costa Rica e estabeleceu várias práticas de maneira nacional, o nosso trabalho respaldou cientificamente o modelo e através de um vídeo vamos apresentar em 16 minutos a síntese do que o setor café e outros setores conseguiram fazer. 


Esse vídeo foi feito por brasileiros, então tem uma importância para mim muito grande, porque não sou eu falando, são os brasileiros falando do trabalho que encontraram na Costa Rica.

Essa missão foi uma missão organizada com a OAB que integra as cooperativas brasileiras, o Sebrae esteve presente, representantes do Sebrae e vários setores organizados que quiseram conhecer a nossa experiência lá na Costa Rica.


(Após o vídeo)


Bom, então vocês estão hoje sonhando com um Brasil diferente, e espero que vocês possam fazer esse Brasil diferente, né? A Costa Rica conseguiu fazer esse país diferente, não terminou ainda a sua missão, mas continua com o mesmo fervor avançando nesse processo. A prova é que tem 1 mês, pressionado pela institucionalidade para desenvolver o programa nacional de café regenerativo, e o curioso é que os bancos estão pressionando a gente para poder ter esse protocolo pronto em 6 meses. Então eu nunca imaginei que ia sofrer uma pressão tão boa como essa, não é?


Mas o momento histórico está dado. O planeta entendeu que se a gente não mudar o enfoco produtivo não tem mais planeta, não tem mais negócio, não é assim de simples, aqui não tenho que decidir se quero ou não a moda, é uma necessidade imperiosa. A vida precisa continuar. Então vocês estão interessados em custos, estão interessados em receitas com esse enfoque, e eu digo para vocês, essa é uma tarefa muito bonita, mas vai requerer bastante trabalho, bastante integração. As apresentações anteriores foram claríssimas com relação a algumas perguntas importantes que devemos fazer. Agora, existem certezas fundamentais provadas pela ciência, não há possibilidade de construir a transformação se não mudamos a paisagem agrícola, está provado cientificamente, a paisagem agrícola global precisa ser completamente transformada e ela precisa continuar produzindo, com alta produtividade, mas restaurando solo, biodiversidade. 


Precisa então entender que práticas tem esse potencial, e as práticas de associais árvores com a paisagem agrícola tem uma vantagem fundamental, porque combina benefícios econômicos com benefícios ambientais como nenhuma outra prática. Então aí existe uma síntese, por exemplo, de todos os aspectos que esses sistemas podem beneficiar e muito poucas práticas podem, ao mesmo tempo, ter em prática um impacto tão global e geral como as árvores na paisagem.


Eu coordeno junto com o ``Cirad´´ da França, em representação da Costa Rica, a maior plataforma científica da América Latina estudando sistemas agroflorestais. Para gente, ciência é básico, não podemos avançar se não existe ciência de qualidade. São mais de 40 pesquisadores estudando vários sistemas de produção. No Brasil nós estamos então com um vínculo com a Volcafé, que agora se aproxima de Cerrado das Águas, justamente para poder construir a experiência brasileira estimulado por essas experiências. Eu coordeno o primeiro experimento a nível mundial, que vai completar esse ano 24 anos contínuos de estudo, estudando todas as interações possíveis em 20 sistemas diferentes, mais de 30 universidades de todo o mundo participando desse esforço global. E a grande vantagem do café, é que o café tem em sua base um negócio que gera 220 bilhões de dólares anuais, não existe outro cultivo com a riqueza anual tão forte, então o problema não é de riqueza econômica, o problema é de como essa riqueza consegue transformar o seu contexto. Nós não precisamos mais aumentar o preço da xícara de café para os consumidores, porque você tomar a xícara de café é caro, na Europa, pode chegar a 10, 15 USD. A pergunta é, o que é que está acontecendo com esses dólares que não chega para o produtor? Então, esse é um ponto fundamental, precisamos reestruturar de maneira integral a cadeia do café para avançar nesse processo. E os sistemas a pleno sol não podem participar da estrutura transformadora do desenvolvimento, porque não conseguem articular resultados de sustentabilidade minimamente relevantes. E eu vou apresentar uma síntese sobre o que afirma a ciência da impossibilidade dos sistemas a pleno sol de seguirem predominando.


O que eu estou comentando para vocês hoje na Costa Rica se transformou no preço final ao produtor. Falou café da Costa Rica, é o seguinte, café da Costa Rica, em 2015/2016 tinha um valor 37% acima da bolsa de Nova Iorque só pelo nome país, em 2016/2017 32%, 2017/2018 48%, 2018/2019 68% em cima do preço de bolsa de Nova Iorque. Então a imagem em país vale dinheiro. 


E a Costa Rica entendeu que não tem sentido ganhar pouco. Não renunciou a ganhar, não renunciou. Então estamos vendo que essa política do setor cafetaleiro da Costa Rica tem sentido, nós estamos procurando sustentabilidade com riqueza econômica.

Esse experimento que eu coordeno teve a visita de uma brasileira que trabalhou sua sua tese e avaliamos informação sobre a rentabilidade dos sistemas Agroflorestais. Evidentemente quando os sistemas Agroflorestais, e aqui eu faço um um parênteses, sistema agroflorestal é qualquer sistema agrícola que tenha árvore presente na paisagem e pode variar a fisionomia desse sistema, não existe uma só fisionomia. Quando eu consigo combinar bem, eu posso ver situações como essa. No final dos anos 90, início dos anos 2000, houve uma crise muito grande no café na América central, porque o custo de produção era 90 USD por saca e o produtor recebia 50. Fizemos um estudo sobre as propriedades que estavam enfrentando a crise econômica, com melhores resultados. Esse é um instituto de tese e com várias propriedades com diferentes certificações. Vejam vocês que os sistemas agroflorestais, na época de crise, conseguiram o mínimo representar um 34 com a 8% da rentabilidade econômica. Foi a menor ajuda, foi 34%, mas teve sistema agroflorestal que representou quase 97% da rentabilidade em tempos de crise. Então, se essas propriedades não tivessem tido os sistemas agroflorestais, teriam colapsado economicamente. Assim de simples. Então estamos demonstrando que quando existe um desenho bem articulado, combinando madeiráveis, frutais e árvores restauradora, o produtor tem um seguro frente a qualquer crise de preço, não é? Não tem todos os ovos numa só cesta. E é fundamental pensar dessa forma. 


Então, se eu conseguir responder bem as perguntas que vocês fizeram hoje aqui, eu deveria ter sistemas agroflorestais com alta rentabilidade e serviços ambientais. Fizemos uma avaliação com dados reais de 10 anos, 16 anos nesses experimentos de longo prazo que avaliavam manejos intensivos convencionais, muito agroquímico, quantidade moderada o sistema de transição. Então veja que coisa interessante, existem sistemas produtivos que reduzem a carga química na metade, e essa é uma contribuição fundamental, não é? Vamos ver o que é que acontece com esses sistemas que reduzem a carga, se realmente eles pedem a viabilidade econômica. Existem sistemas orgânicos intensivos e sistemas orgânicos baixos, nesse experimento de longo prazo, quase 10 hectares, colocamos o programa de fertilização de acordo a cada sistema e estamos a 24 anos avaliando solo, biodiversidade, pragas, doenças, rentabilidade, fluxo de nutrientes, microclima, enfim. E só podemos fazer isso porque temos então uma colaboração massiva de científicos de escala mundial ajudando nesse processo. E, evidentemente, muitos estudos, muitas teses saíram desse trabalho.


Eu vou fazer uma síntese bem geral, porque tem um rótulo aí atrás, controlando o tempo. Um cartazinho controlando o tempo. Mas, por exemplo, demonstrado cientificamente depois de 20 anos de avaliação dos 20 sistemas. Nós temos sistemas que têm a capacidade de regenerar as propriedades naturais da vida para fertilizar o seu sistema de maneira natural. Existem árvores que aumenta a fixação do nitrogênio no solo, aumenta é a disponibilidade de fósforo e potássio, não é? Nós temos árvores que no sistema permitem estabelecer controladores naturais de pragas e doenças do solo, e isso foi construído pela combinação de árvores dentro da paisagem. Os sistemas a pleno sol tiveram os menores valores desses microrganismos benéficos, então depois de 20 anos, está provado em pleno sol, não posso ser regenerativo nem sustentável, eu não restauro a vida do solo, provado cientificamente. Outra provação científica durante 20 anos, o café tem pragas e doenças que gosta do excesso de sombra e do excesso de sol, mas se eu equilíbrio a sombra, eu tenho controladores naturais das pragas e doenças que não estarão no pleno sol. Veja que coisa curiosa. Se eu conseguir equilibrar a sombra, os controladores naturais da ferrugem vão me ajudar, então, os sistemas em pleno sol não tem a presença de controladores de pragas e doenças foliares. Essas pesquisas demonstraram, por exemplo, que os sistemas bem desenhados em termos de sistema agroflorestal conseguem aumentar o rendimento em até 20% e reduzir o impacto das pragas e doenças. Então, se eu desenho bem, eu vou ter uma retribuição de rendimento com esses sistemas.


A colega Madeleine, que está na Epamig, que vem estudando a importância dos ingás em sistemas agroflorestais, já provou cientificamente o que na América Central já se conhece há décadas. Os ingás atraem controladores do bicho mineiro e da broca. Ninguém está pagando aos ingás para o trabalho que eles estão realizando um papel importante, trazendo para dentro do café esses controladores naturais, não é? Nossa colega, creio que a Larissa estava falando da importância da biodiversidade do ponto de vista de rentabilidade. No nosso experimento, tivemos a surpresa de que os turistas que chegavam para fotografar as aves traziam também a informação de que existem aves que comem a broca do café. Essas aves que estão aí sem cobrar o produtor está comendo a broca do café, mas só está presente se eu tiver árvore na paisagem. 


E aqui Larissa, um desafio importante para o cerrado. Poucas aves conseguem pousar nos capins e nas ervas, só existe fluxo de aves na paisagem se houver a contribuição das árvores na paisagem. Então, se a paisagem das árvores no cerrado deve ter uma configuração adequada, uma das funções importantes também é manter a presença da biodiversidade da fauna. E do ponto de vista de produção no nosso experimento, chegou a explicar, junto com as abelhas, até 12% da produção em arábica. Então confirmado o que a Larissa disse, o arábica definitivamente tem uma porcentagem da produção que depende dos polinizadores, no nosso experimento, foi de 12%.


Agora outra informação fundamental para o cerrado, vocês comentaram que os solos ácidos são um problema grave do cerrado, no nosso experimento também. Vejam vocês que em 2001, segundo ano de estabelecimento do experimento, o solo estava acidificado. O que aconteceu 21 anos depois? Em sínteses tiveram sistemas que corrigiram a acidez do solo e tiveram sistemas que nunca puderam fazer a correção do solo. Provado cientificamente depois de 21 anos que o pleno sol é um cultivo ``drogadito´´, se diz? É viciado, essa é a palavra. É viciado, vai depender do calcário toda a vida para poder corrigir acidez. A acidez do solo significa: Problemas com a assimilação de nutrientes. Mas significa que aí existe todas as condições para que pragas e doenças proliferem. Um sangue ácido, câncer, infeção, um solo ácido nematoides e todas as pragas de doença do solo. Essa é a relação da acidez grave. Então, se eu estou nessa condição, eu vou precisar sempre controlar com o agroquímico toda a vida. Existe até as estatinas, o lovastatina para controlar o colesterol. Você passa a vida todinha tomando a lovastatina para seguir comendo gordura, você segue sem mudar o seu hábito. E o que que acontece? A lovastatina compromete as funções cognitiva o cérebro. Se alguém tiver tomando remédio para controle de colesterol, eu recomendo revisar a dieta, porque o remédio é pior do que o do que o problema.


Agora veja que coisa curiosa. Quando nós tínhamos árvores madeiráveis, já reduziu a necessidade do calcário, quando colocamos árvores leguminosas restauradoras, reduziu ainda mais a necessidade do calcário, e quando eu combinei manejos orgânicos com as árvores leguminosas, conseguimos resolver o problema da acidez. Então, o sistema agroflorestal restaurou a problema de acidez.


A literatura diz que o arábica precisa de 15 a 24° como temperatura e o robusto é de 24 a 30. Aonde está esse clima? Já não existe mais esse clima. Todas as regiões produtoras de café do mundo perderam as condições adequadas, precisamos agora construir um novo conhecimento para que o café siga produzindo. Ora! Qual é a a experiência dos nossos experimentos? Se eu estou com radiações muito baixas, muita sombra, tenho problemas com pragas e doenças, se eu tenho radiações muito altas, eu tenho pragas e doenças críticas, a ferrugem, o bicho mineiro, o bicho mineiro vai impactar fortemente na produção brasileira porque está exposta ao pleno sol. Se eu conseguir descobrir qual é o desenho que me permite a condição equilibrada. Eu vou ter produção de café de qualidade, em boa, em boa quantidade também. A folha do café no pleno sol, ela pode ter temperatura 5 vezes maior do que a temperatura do ambiente. Quando a temperatura do ar for de 35° na folha é de 40°. Então coloquem isso na cabeça, se precisávamos de temperaturas abaixo de 24, imagina o café a 35°, 40° e 45°? Não podemos mais seguir produzindo no pleno sol. Não existe razão de ser.


O solo tem 3, 4°, há mais de temperatura se o cafezal está exposto ao pleno sol. Isso quer dizer, não existe vida no solo se eu não tiver mais umidade nesse solo. Outra prova de que é fundamental controlar o microclima. Então aí está o grande segredo. Eu preciso proteger é da da das chuvas, das tormentas, o solo e as plantas, mas preciso proteger também da seca. Então, como ter o controle? Eu tenho que ter um sistema dinâmico que eu possa regular sol e sombra.


Aqui complementando a informação da Larissa, pesquisa feita no Brasil: Café a pleno sol, 300327 mm evaporados no ano, o café tem uma demanda de água importante e evapo transpira 1327 nesse experimento, um café com árvores madeiráveis reduziu a evapotranspiração a 1052, mas com os ingás vejam 703 mm. Precisamos nas condições do cerrado, ir avaliando e comparando, mas precisamos comparar sempre com relação ao pleno sol, porque as comparações no pleno sol demonstram um impacto importante.


O Brasil sofre com geada que queima a plantação. O Brasil sofre com seca, mas nós temos pesquisa no Brasil já de 94 que dizem que as árvores na paisagem protegem o café das geadas. Qual é o custo de ter que renovar essa área depois de cada geada? É altíssimo. Então estamos vendo que não podemos mais seguindo seguir com sistemas expostos, não é?


Eu estive no Apuí, na Amazônia, e o pessoal dizendo: ``Elias, vem explicar porque é que o robusta está colapsando´´. Eu disse: ``Oxente! Eu não preciso falar não, o ingazeiro fala, essa planta está próximo ao ingazeiro, e essa coitada longe do ingazeiro, eu não vou colocar dados científicos, não. A planta fala por mim´´. 


(Frases que não é possível entender sem o contexto das fotos compartilhadas no Material da Palestra).


Hoje já tem sistemas Agroflorestais na Amazônia, porque o pessoal já se deu conta de que robusta e arábica não pode mais estar exposto aos às temperaturas. A epamig já está dizendo, pelo menos 25, 30% de sombra. Nós conseguimos resultados produtivos até 50,54 %, mas, frente às mudanças climáticas, as árvores na paisagem são indispensáveis, não é? Agora precisamos usar a cabeça não só para chapéu. Que sombra? Que desenho? Se vocês fossem escolher uma sombra para o café de vocês, qual escolheriam? A da esquerda em cima? A da direita em cima? A da esquerda em baixo? Qual sombra vocês escolheriam para o café de vocês? Homogênea aberta, muito bem, já temos aí. Então, em cada condição, precisamos responder, como eu posso ter luz e sombra, luz e sombra em todo o café. E vou determinando qual é a necessidade de luz e sombra em cada condição, e essa resposta tem que ser dada em cada propriedade.


As árvores, restauradora de solo e fertilizadora do café são fundamentais. Vejam vocês, as leguminosas me dão nutrientes e são quantidade de nutrientes por etária.

Imagine 154 kg de nitrogênio, 132, 142, todos os demais nutrientes. Agora, como eu vou conseguir transformar esse nutriente da copa para o solo, é a pergunta. Carbono sistema pleno sol não consegue acumular carbono. Cientificamente comprovado que o pleno sol não pode ajudar na mitigação das mudanças climáticas, vai estar emitindo mais gases de efeito estufa, que atrapando gases. Então os sistemas agroflorestais são fundamentais. 


(Frases que não é possível entender sem o contexto das fotos compartilhadas no Material da Palestra).


Agora, o que foi que a gente encontrou é que é preciso, nas propriedades desenhar bem para ter rentabilidade, para poder ter alto carbono e rentabilidade, preciso então controlar o desenho da sombra. Vocês querem ganhar dinheiro com o sistema agroflorestal? Olha aqui, que coisa maravilhosa. Esse sistema de caturra a pleno sol produz 42 sacos, esse com sombra 37, altas quantidades de fertilizantes. Esse sistema aqui tem a metade dos insumos desse e produz 61 sacas, quer dizer, eu consegui reduzir os insumos da metade e consegui aumentar a produção.

Variedade de café adequado e sistema agroflorestal. É uma pergunta transcendental. Vou deixar os números, mas mais do que os números, a indicação de que a gente deverá desenhar respondendo perguntas que me permitam jogar com mão de obra, mecanização, fertilização, controle de pragas e doenças. E a gente conseguiu demonstrar que, os sistemas a pleno sol conseguem produzir muito, mas são muito caros. Então é enganoso. Eu estou ganhando muito, mas estou gastando muito se eu conseguir desenhar bem, eu posso inclusive reduzir custo ou aumentar rentabilidade a partir de mais benefícios. E aí a combinação das árvores com o manejo regenerativo é fundamental, não é?

Existem manejos orgânicos que são de muito baixa rentabilidade ou não tem rentabilidade. Então precisamos analisar, é esses sistemas.


(Frases que não é possível entender sem o contexto das fotos compartilhadas no Material da Palestra).


Concluindo minha apresentação. Nós temos aqui a maioria dos sistemas em cada coluna e aqui nós temos todas as variáveis que a gente avaliou. A maioria das variáveis são: café regenerativo, sustentabilidade, todos os selos, todas as certificações manejam esses parâmetros que estão aqui. E nós temos é a produção, produtividade e rentabilidade. Conclusão depois de 23 anos de estudo, os sistemas a pleno sol não cumprem com as variáveis de sustentabilidade, são rentáveis mas não restaura a paisagem, e existe sistemas orgânicos que são uma maravilha para a natureza, mas para o produtor não dá dinheiro. Amor com fome não dura, né? Então, cuidado com esses sistemas muito bonitos, muito amigável com a natureza, mas que o produtor não ganha dinheiro, viu? E existe uma série de sistemas que permitem combinar serviços ambientais e rentabilidade, não é?


Então, em síntese, essa é a minha apresentação. Eu estou deixando para vocês dados da Costa Rica para que vocês tenham uma possibilidade de avaliar e estou feliz porque já temos propriedades no Brasil vinculada a Volcafé, com produtores inovadores que já é estão matriculados, seguir melhorando, não é? E a gente espera que essas propriedades possam ser espelho para outras. Podemos usar a mecanização e combinar muita informação no desenho desses sistemas. E temos pesquisas, o INCAPER  no Espírito Santo, com manejos moderados, conseguiu produção de café, sacas por hectare, muito interessante, com custos moderados. Então procuramos essa informação e vamos ajudar aos produtores a construir a própria história brasileira.


Muito obrigado.



Polliana Dias | Cerimonialista


Muito obrigada, professor Elias. Nós não faremos as perguntas agora, porque nós vamos partir para o almoço e o professor vai estar junto com a gente. Então vocês podem aproveitar esse momento para tirar as dúvidas, fazer considerações e discutir com ele o que foi apresentado aqui.


Gostaria que o senhor ficasse aqui mais um momento e eu convido a Fabiane e o Marcelo para vir aqui e os representantes da Volcafé para agradecer a sua presença, por ter vindo aqui falar com a gente.



Fabiane Sebaio |  Secretária Executiva do Consórcio Cerrado das Águas


Entregar aqui pro Elias, só uma lembrança. E agradecer a Volcafé nós estamos com o projeto agora é do grupo de safes.Então a ideia é implementar um grupo de safes aqui pelo consórcio cerrado das águas.Agradecer você por vocês terem trago o professor Elias, e colocado ele no avião e feito, chegar aqui nesse interiorzão. Obrigado professor.



Polliana Dias | Cerimonialista


Obrigada aos representantes da da Volcafé, Marcelo pode ficar aqui, Fabiane também. E a gente gostaria também de chamar aqui a Laura, o Alex e a Larissa para que a gente possa agradecer vocês pela presença, pela vinda, pelos conhecimentos compartilhados.



Fabiane Sebaio |  Secretária Executiva do Consórcio Cerrado das Águas


Então a Laura e o Alex, meu muito obrigado por vocês terem topado se deslocar até aqui. Foi um grato encontro o Michael nos colocou em contato, então, Michael, valeu, essa experiência de vocês vai ajudar muito, tá?


A Larissa surgiu da seguinte forma, eu fui passear lá em Alto Paraíso e prometi para as minhas meninas, eu não vou mexer com trabalho, fui em janeiro, 7 dias lá, sem olhar pro computador, mas no final um amigo meu biólogo falou, tem um cara aqui que trabalha assim, assim, assado e tal. E aí eu falei, gente, me deixa só um minutinho mexer com trabalho, por favor.


E aí na hora que a gente tava indo embora, encontrei o Rafael. O Rafael acho que é o orientador da Larissa e ele não pode vir porque ele tá num dia de campo lá pro norte. E mandou a Larissa. E Larissa muito obrigado, foi muito bom, muito bom, obrigada.





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