Plataforma colaborativa tem ampliado suas ações para mais produtores com vistas à aplicação de sua metodologia de mitigação dos efeitos climáticos na Região do Cerrado Mineiro.
Patrocínio-MG, outubro de 2021. O Consórcio Cerrado das Águas (CCA), fundado em 2015, é uma plataforma colaborativa que agrega esforços entre empresas, governo e sociedade civil para a preservação e conservação ambiental para combater as mudanças climáticas. A iniciativa reúne vários integrantes da cadeia produtiva e tem atraído a atenção de novos investidores, tendo em vista os resultados alcançados com sua metodologia, aplicada em projeto-piloto iniciado em 2019, na bacia do córrego Feio, em Patrocínio-MG.
Tal metodologia trabalha em três frentes: paisagens conectadas, práticas agrícolas climaticamente inteligentes e gestão eficiente dos recursos hídricos. Por meio do PIPC – Programa de Investimento no Produtor Consciente, o CCA oferece alternativas e soluções para a preservação dos recursos naturais e o combate às mudanças climáticas elaborando o PIP – Plano Individual de Propriedade e, alinhando individualmente, com cada produtor sobre a melhor forma de implementar as estratégias propostas pela equipe de especialistas do CCA, de forma conjunta com todos os outros produtores dentro da bacia hidrográfica. Os resultados obtidos impulsionaram a expansão da metodologia para municípios da Região do Cerrado Mineiro, sendo eles: Serra do Salitre e Coromandel, além de transferir sua tecnologia para municípios de outros estados, por isso, a atração de novos investidores, reflete o esforço conjunto da plataforma e chega em momento oportuno.
“A Federação dos Cafeicultores do Cerrado faz parte da iniciativa do Consórcio desde o início, somos testemunhas da excelente estrutura e governança que o projeto possui, o que tem garantido atingir os objetivos propostos e gerado atratividade na participação de produtores e players importantes da indústria e do trade da cadeia do café. Para esta expansão, precisamos ampliar também os investimentos, além de novos apoiadores do café, empresas e instituições, todos são muito bem-vindos, afinal de contas, o objetivo do projeto, que é ampliar a produção de água e resiliência climática, é comum a todos”, avalia Juliano Tarabal, superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado.
Para desenvolvimento da metodologia e aplicação do PIPC no projeto-piloto, o Consórcio Cerrado das Águas contou como o apoio do Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos (CEPF) com o aporte US$400 mil, em 2019, cujos recursos são utilizados até o presente momento para a proteção dos ecossistemas naturais encontrados em mais de 100 propriedades ao longo da bacia do Córrego Feio.
Novos investidores em momento de expansão
Os números alcançados atraíram a atenção de investidores de instituições financeiras de grande porte como Rabobank e BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais), que estreitaram o relacionamento com a plataforma a fim de firmar uma parceria, garantindo a continuidade e a extensão do trabalho desenvolvido junto aos agricultores, como conta Orlando Editore, consultor financeiro do CCA.
“O Consórcio, até o presente momento, contou com recursos do CEPF para desenvolvimento das suas atividades e, como o recurso tem prazo para findar, o desafio é promover outras fontes de recursos, tanto para a manutenção do Consórcio, que hoje é feita pelos membros associados, quanto para financiar recursos para os produtores que quiserem aderir às práticas do Consórcio: recuperação da vegetação nativa, agricultura climaticamente inteligente e a gestão da água. Para estas práticas, precisa-se de investimento para os produtores para o plantio de mudas, sementes de vegetação nativa, cerca, entre outros, ou seja, os produtores não possuem recursos próprios para fazer estes investimentos, sendo que eles serão destinados à cultura do café”, esclarece Editore.
Entre os números que chamam a atenção estão: 319 visitas a produtores; 94 PIPs (Planos Individuais de Propriedade) implementados em 57 propriedades do na bacia do córrego Feio, durante o projeto-piloto. Por meio de restauração 100% orgânica, foram plantados 17 hectares, 20 mil mudas e o alcance de 97 hectares de área conservada, no período de 2019 a 2020.
Investimento em bom momento e de forma facilitada
A Região do Cerrado Mineiro, que foi fortemente atingida pela geada ocorrida em julho, tem buscado formas de amenizar os prejuízos, sendo os investimentos um dos recursos que podem auxiliar o momento enfrentado. Para o consultor, independente da geada, os recursos dos produtores apresentam-se sempre comprometidos, o que agrava a situação de caixa dos produtores para investimento em práticas climaticamente inteligentes.
“Normalmente os produtores não possuem recursos para isso, a ideia é buscar uma linha de crédito que seja eficiente e compatível com a capacidade de pagamento por parte dos produtores para que possam acessar esta linha de crédito e adotar as práticas que são preconizadas pelo Consórcio. Nessa direção, temos trabalhado com algumas opções, sendo elas o BDMG e o Rabbobank, dois bancos que se mostram disponíveis para uma parceria no Consórcio por meio de um possível apoio financeiro aos produtores participantes. Estamos neste processo: já tivemos algumas reuniões com os bancos e atualmente estamos avaliando a possibilidade de utilizar recursos de linhas de crédito que são disponibilizadas por programas do Governo Federal, com repasse pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), essa é uma das alternativas, mas existem outras”, revela Editore.
As linhas de crédito buscadas serão disponibilizadas para o produtor por meio de alguma cooperativa que será a intermediadora dos recursos, uma vez que os bancos mencionados não possuem canais ou estrutura para realizar a operação. “Estamos buscando uma cooperativa de crédito ou de produção que possa realizar a operação e o repasse aos produtores”, conta o consultor que explica que a estrutura consiste em prazos, garantias, carências e custos.
Editore ainda ressalta que existe a possibilidade de gerar crédito de carbono pela adoção das práticas, sendo um desafio que julga interessante. “Estamos avaliando com algumas instituições esta possibilidade, entre elas, o Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), sobre como podemos mensurar a quantidade de carbono sequestrada pelas práticas adotadas pelo Consórcio e, a partir desta mensuração, avaliar a viabilidade de certificar e emitir créditos de carbono que podem servir como garantia ou como gerar caixa para amortização do financiamento”, finaliza o consultor.
Sobre o Consórcio Cerrado das Águas
Criado em 2015, em Patrocínio – MG, o Consórcio Cerrado das Águas tem como objetivo conscientizar produtores da região sobre a importância de seus ativos ambientais por meio do diagnóstico e investimento nos mesmos, garantindo sua preservação a longo prazo.
A iniciativa possui como membros associados as seguintes empresas: Nescafé, Expocaccer, Nespresso, Lavazza, Cooxupé, CofCo, Volcafé, Stockler, além das instituições apoiadoras como Federação dos Cafeicultores do Cerrado, CerVivo, Imaflora e IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil.
Em 2019, o projeto piloto recebeu do Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos (CEPF) o valor de US$400 mil para implementar o programa que irá promover, inicialmente, o investimento e a proteção dos ecossistemas naturais encontrados em mais de 100 propriedades ao longo da bacia do Córrego Feio. A quantia é o maior subsídio já concedido pelo CEPF, que conta com exigentes doadores como a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), União Europeia, Fundo Mundial para o Ambiente (GEF), Governo do Japão e Banco Mundial
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