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Aprimorando o Resultado da Agricultura Regenerativa

Foto do escritor: Consorcio Cerrado das ÁguasConsorcio Cerrado das Águas

Estratégias para Aprimorar a Agricultura Regenerativa na Cafeicultura


A agricultura regenerativa tem se destacado como uma abordagem essencial para o manejo sustentável, especialmente na produção de café. O presidente do Consórcio Cerrado das Águas, Marcelo Urtado, compartilhou experiências e aprendizados sobre práticas que aumentam a eficiência produtiva e a conservação do solo.


Paletrante Marecelo Urtado falando sobre os aprimoramento de resultados na agricultura regenerativa
Palestrante: Marcelo Urtado

Durante sua apresentação, ele abordou temas como:

  • Uso estratégico de plantas de cobertura para melhorar a infiltração da água e reduzir a compactação do solo

  • Mix de culturas para promover biodiversidade e otimizar a retenção de umidade

  • Impacto da cobertura do solo na cafeicultura, reduzindo pragas e otimizando a colheita

  • Análise de custo-benefício das sementes para um manejo mais eficiente e econômico


As experiências compartilhadas demonstram como pequenas mudanças na agricultura regenerativa podem impactar positivamente tanto a produtividade quanto a sustentabilidade ambiental.


Acompanhe a transcrição completa da palestra e conheça os detalhes dessa abordagem inovadora. Se preferir, você também pode ouvir o conteúdo completo no Spotify.

Agora, confira os insights valiosos que podem transformar sua forma de manejar a cafeicultura regenerativa!




Transcrição


Aprimorando o resultado da agricultura regenerativa - Marcelo Urtado



Marcelo Urtado | presidente do Consórcio Cerrado das Águas


O manejo espontâneo, melhor dizendo, pode ser uma excelente  alternativa, dependendo das plantas que você tenha já é alguma coisa que você deixa ao solo, o nosso primeiro ano foi dessa forma, né? E a gente foi evoluindo com a braquiária. Então, testamos a braquiária, foi bem, não só a braquiária, como a crotalária. E a gente passou desde um plantio em linha, em 3 linhas, fizemos um plantio a lanço, depois fizemos esse plantio com 5 linhas, estamos retornando para 3 linhas. E a gente vai, conforme o ano, a gente vai evoluindo, e depois desses plantios isolados, a gente começou a trabalhar com mix. Aí se tem de milheto, tem trigo mourisco, crotalária. Hoje a gente já está plantando ele um pouquinho mais estreito, a gente já começou a procurar, quando começou com o mix, além dos benefícios da brachiaria, nós começamos a pensar nos inimigos naturais. Foi o momento de ir além da cobertura de solo, incrementar a biodiversidade acima e abaixo, por isso que a gente arriscou nesse caminho. 


E aqui foi nosso primeiro teste e foi feito no talhão um com planta de cobertura no inverno, se você ver tem um café maduro, ali, um topázio, né, madurinho. E a gente fez o teste com nabo forrageiro. E foi muito bem. O primeiro questionamento que fizeram pra gente era cuidado com a competição de água. E, eu acho que tinha toda razão, mas a gente queria ver como ia se comportar isso na fazenda. E, durante a colheita, o trator derrapou nessa área de umidade. Então acho que ele compete sim com o café, mas ele também deixou o solo muito mais úmido do que se não tivesse essa planta. E a gente fez o teste de como colher o café depois, foi primeiro no talhão, fizemos 2 anos nele, deu certo e aí a gente expandiu para a fazenda toda. Daqui a pouquinho eu falo como a gente fez a colheita nesse caso.


Então, foi feito um teste de plantas de cobertura no inverno e, sem ser o mix, aqui foi só o trigo mourisco, desculpa, nabo forrageiro, e logo depois ele morre. O ciclo dele é mais curto.

Depois nós testamos o cambre. Deu bastante matéria orgânica, né? Você vê a cama dele ali. E em parceria também com a professora Madeleine, ela testou o cambre depois para ver se ele não atraia o inimigo natural ou se atraia alguma praga para o café. Ele foi testado, validado e a gente conseguiu trabalhar com ele, que foi bem resistente a seca também, e eles floriram e tem muita flor, cobre bastante o solo e, vocês viram nossos testes no inverno, foram todos com primeiro uma planta só e aí depois a gente já começou a fazer plantio direto com aveia, guandu, nabo forrageiro e outras outras espécies. Então você vê o solo bem, bem coberto, né? Isso que a gente procura.

Além do solo dentro do café, a gente começou plantar as plantas de cobertura no entorno do café, nos carreadores. Mas porque? Tentar melhorar a infiltração de água na fazenda. Quando a gente chegou aos primeiros anos, na época da florada, que já está saindo da seca, faltava um pouco de água para irrigá-los. Hoje a gente tem captado água do poço artesiano e também pelo córrego no canal de derivação. Atualmente, a gente está retirando nessa época do ano, só dos poços artesianos e deixando o córrego livre. Mas não tinha os poços quando nós chegamos e quase não dava para irrigar o café,  por falta de água. Faltava água. E com esse manejo, solo todo coberto, você começa a ter uma temperatura menor,  o solo vai ficando mais poroso e infiltrando água. Hoje em dia a gente não tem a mesma quantidade de água, ainda com essa seca. Como é que a gente sabe? A gente colocou uma caixa de medida no canal de drenagem, então isso é mensurável, conseguimos ver. Então com uma seca dessa, lá é a cabeceira do rio bagagem, que abastece Iraí de Minas. Então você vê numa fazenda, você consegue esse resultado com água.


E a água, se eu tiver água para fazer a irrigação da florada, o quanto impacta no meu bolso, né? Como a parte ambiental impacta no econômico. Então, planta de cobertura, a gente pensa não só pro café, mas são plantas funcionais e espaços funcionais, então no encarregador, o trator passa a massa, mas a gente planta, melhora. Antes era um solo espelhado, aqui embaixo, onde está a Paula, eu caí de moto, um solo tão envidraçado, seja meio úmido, e hoje ele já infiltra bastante água, então isso você vai transformando também a paisagem no solo, é um carreador no meio do café. 


E uma reflexão também, hoje a gente está evoluindo e pensando, também as plantas de cobertura aumentaram muito o custo. Estão caras as sementes. A gente chegou a fazer 3 ciclos de planta de cobertura. Plantava assim que dava a primeira chuva da florada, é que nem uma equipe de Fórmula 1. Com tudo pronto, só vê o plantando e, depois aí, quando a gente não plantou lá em janeiro, a gente plantava em abril, no plantio de inverno. Começa a ficar muito impiedoso, então a gente está refletindo novamente, né?


Então, há alguns preços. Você pega feijão guandu ali, 30 e poucos reais, brachiaria 19. O trigo é mais baixo, em diferentes variedades de milheto. Então, poxa, vale a pena fazer esses 3? Vale a pena deixar o solo coberto? Sem dúvida, né? Mas o que eu coloco pra gente pensar, como que eu otimizo isso no custo benefício?


De uma continha que eu comecei a fazer foi colocar os ciclos em dias. Eu coloquei no máximo um ano, a brachiaria vai além, mas eu pus o teto de um 1 ano. Então você vê a brachiaria, o feijão guandu. Na hora que você coloca o preço da semente pelo tempo que os solos ficam cobertos, você tenta levar isso em consideração também. Às vezes, o preço por quilo tá caro, mas o tempo que o solo vai ficar coberto, a semente pode ficar barata, mas isso depende do manejo que você vai fazer. Você vai conseguir passar um ano com a planta? Não, não, mas vai tirar em abril,  para preparar pra colheita, você tem que ver isso em relação ao custo. Então a gente está pensando muito assim na fazenda, a gente deve dar uma mudada no nosso esquema agora pro próximo ciclo, já pensando nisso.


E a varreção quando eu mostrei aquelas fotos, do trigo mourisco. O que que a gente fez? E outro, tem trigo mourisco de um lado e nabo forrageiro, toda hora eu estou trocando. Que é bem importante e deu certo porque foi um nabo aquela época, com a brachiaria a gente não teria conseguido.nÉ, talvez, alguma tecnologia diferente. Porque o nabo quando você trincha ele sobre fácil, não fica prensando no chão.


Então a gente pensou, rua sim, rua não, a gente vai trinchar. Fez a colheita, tipo a colheitadeira, parte aérea, acabou. Agora a gente tem que varrer o café do chão e ir para o plantio de cobertura. Então, rua sim, rua não, a gente trinchou.Ái, vem soprando o café da rua não trinchada, para a rua que você trinchou. E a gente recolhe o café dessa rua. Então, você recolher 100% do café, a 50% da área. É um tipo de economia. Se você comparar a eficiência de recolher em 100%, trinchando tudo e trinchando rua sim, rua não, é um pouquinho pior, mas muito pouco. Então, para a gente, o benefício de você ter 50% da área ali o ano inteiro, com a planta de cobertura. Ganha. Você não está evaporando, o solo está coberto, fica mais úmido, é abrigo por inimigo natural. Então a gente entendeu o que é uma tecnologia viável.


Aí a gente expandiu para a fazenda inteira com nabo forrageiro em tudo. E aí, depois a gente fez com mix. Daí foi com aveia, diversas aveias, centeio, trigo mourisco, milheto e nabo forrageiro. A gente só não fez com a brachiaria porque fica aquela toiceira. E aí a gente achou que não ia conseguir recolher o café. Então, deu certo esse esquema, dessa forma. 


O que que a gente está pensando para o futuro agora? Se a gente não teve infestação forte de bicho mineiro, enquanto a gente fez isso, nem ferrugem, tão agressiva. Por que que eu estou falando isso? Não tinha tanta folha no chão. Se tiver uma quantidade,  um ataque bom de bicho mineiro, ou de ferrugem, vai ter muita folha no chão, essa folha pode ser abrigo para ajudar o bicho mineiro a se desenvolver. Então é uma prática muito boa você triturar essa folha do chão.  Mas como é que eu faço isso com o solo todo coberto. Então o que a gente está estudando agora para o próximo ano é ter a braquiária com o mix, mas primeiro a gente vai plantar ela com o mix de cobertura, vai roçar e deixar ela passar o inverno. Então eu já vou saber a rua que eu não vou trinchar no inverno que vem. Eu posso deixar a brachiaria naquela rua. A outra rua ela não pode ter a brachiaria, então provavelmente, eu vou plantar essa brachiaria, na hora que eu roçar, eu vou plantar outra cultura, outra cobertura,  já prevendo a colheita. E pra colheita, aí essa rua que a gente trinchar, a gente já vai soprar essas ruas, essas folhas do café,  trinchar e, provavelmente, vai fazer a colheita dessa rua sem um plantio de cobertura. A gente vai avaliando o quanto tem de folha, se isso for problema pra bicho mineiro e, se nesse momento for um problema, você sobra, limpa. Limpa tudo. Se não tiver um problema das folhas, mantém tudo coberto. 


E é isso, gente, isso aí, obrigado.


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